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03/12/2007 - 10:27:03

Cinco fatos marcantes

Carlos Silva

Encerrada a temporada 2007 para o Ramalhão, é hora de avaliar os resultados e os prejuízos. E não há como negar que o ano foi negativo para o clube: não avançamos nada, pelo contrário, perdemos o lugar na Divisão principal do campeonato paulista (ainda que este tenha cada vez menos importância) e acabamos comemorando a permanência na Série B como um grande lucro.

Pareceu-me que a temporada que ora se encerra resumiu tudo o que se pode fazer de errado na gestão de uma equipe profissional: escolhas equivocadas, decisões sérias tomadas de improviso, conchavos de bastidores, tudo contribuiu para que o Ramalhão vivesse seu ano mais negativo desde 2002.

Em lugar de fazer uma retrospectiva linear, preferi destacar cinco fatos que, na minha opinião, resumem o que foi 2007:

O rebaixamento no Paulistão. Este foi, na verdade, o resultado de uma seqüência de decisões erradas e muita falta de sorte. A diretoria parecia ter começado bem, ao manter no comando do time o treinador Ruy Scarpino, que apesar dos pesares fizera um bom trabalho na temporada anterior. O planejamento parecia satisfatório: Scarpino apresentou uma lista de reforços e a diretoria lançou-se ao mercado. Foi assim que aportaram no Bruno Daniel atletas desconhecidos como Diogo Pires, Catatau, Edinho, Mateus, Flaubert e Raulen.

Mas esse elenco não correspondeu às expectativas e o time começou o Paulistão muito mal, chegando à vergonha de ser goleado em casa pelo vizinho amarelo. E a diretoria fez o que normalmente se faz em situações como essa: trocou o treinador. O manjado Luiz Carlos Ferreira assumiu o comando e pediu jogadores de maior qualidade: foi a hora de medalhões como Sérgio e Galeano, além de Rodrigo Sá, Marcelo Régis e outros reforçarem o time. Os resultados continuaram não vindo e não tardou para que LCF também recebesse o bilhete azul, medida precipitada e que seria duplamente desastrosa. A vinda do desconhecido Leandro Campos só serviu para pavimentar o caminho do Ramalhão para a A-2.

O caso Toledo. Logo nos primeiros dias do ano, esse estranho episódio deixou a impressão de que algo de errado acontecia pelos lados do Jaçatuba. Contratado por recomendação de Sandro Gaúcho, o atacante da Ulbra acabou dispensado um dia após haver assinado contrato, por haver, segundo o diretor remunerado Sérgio do Prado, feito "exigências inaceitáveis" e por "não corresponder ao perfil pretendido pelo clube". Por que razão um jogador desconhecido teria feito exigências, e que exigências teriam sido essas, são respostas que permaneceram nebulosas – como nebulosas foram muitas medidas tomadas ao longo do ano.

O processo de LCF. Houve um antigo humorístico da TV em que um personagem, caracterizado como um macaco, sempre ia preso ou era punido por uma transgressão qualquer que todos cometiam, e indignado dizia: "Mas só eu? E os outros?" Pois algo parecido aconteceu com o Ramalhão: demitir treinadores sempre foi rotina no futebol brasileiro, mas o Santo André acabou pagando o pato, ou melhor, o mico desta vez. Dispensado após 20 dias de trabalho, LCF processou o Ramalhão alegando rompimento de vínculo trabalhista, e em 10 de agosto a juíza do TRT Eliane Pedroso condenou o clube ao pagamento de salários, férias, FGTS e multas no valor total de R$ 954.978,00 – uma fortuna para os padrões de um time médio da Série B. Não se tem notícia se o clube recorreu da sentença ou buscou um acordo com o ex-treinador. Mas honrar uma dívida desse tamanho colocaria o Ramalhão na rota da insolvência.

A "explosão Livólica". Não foi a primeira vez que o temperamental Jairo Livólis buscou impor sua vontade ao time. Mas desta vez, ao perder o controle nos vestiários do Bruno Daniel após o empate contra o Barueri e ofender aos gritos vários jogadores, Livólis se esqueceu de que já não detinha o poder absoluto sobre o futebol do Ramalhão. Os cotistas do "clube-empresa" não perdoaram a atitude do dirigente e afastaram-no do comando executivo da Santo André Gestão Empresarial Desportiva Ltda. O fato expôs a luta de bastidores pelo poder na empresa e consolidou a posição de Ronan Maria Pinto como novo homem forte do futebol do Ramalhão.

A reação na Segundona. Aparentemente o único fato positivo em toda a temporada foi a espetacular reação ramalhina na reta final da Série B. Já sob o comando do desconhecido Fahel Junior, o time conquistou 12 pontos em 15 possíveis nas últimas 5 rodadas e conseguiu escapar do rebaixamento que já parecia certo. Embora a ameaça de descenso apenas tenha sido afastada na última rodada, mantendo até o fim a expectativa e a angústia da torcida, a diferença final em relação à zona de descenso foi de folgados 6 pontos e o time concluiu sua participação com o 14º lugar, a segunda melhor classificação alcançada durante todo o torneio. O que haveria conseguido motivar o elenco a esse ponto? Acredito que tenha sido uma combinação de elevação da moral e confiança do grupo, por ação do trio Fahel-Sandro Gaúcho-MC, com medidas diretivas de caráter estimulante ($$$).

No momento em que concluo esta matéria, toda a imprensa noticia (chora?) o rebaixamento do Corinthians para a Série B. Esse fato deverá aumentar muito o interesse e o valor do campeonato em 2008, embora haja o risco da mídia limitar sua cobertura da Segundona a uma só equipe, como foi feito com o Palmeiras. Será a chance para que o Ramalhão consiga recuperar, em parte, as perdas de 2007. Mas para isso será fundamental não repetir os erros deste ano – e foram tantos que conseguir bisar tudo seria uma façanha.

E que venha 2008...







 

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