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19/03/2009 - 19:12:35

Muito já ajuda quem não atrapalha

Carlos Silva

O conhecido ditado que dá título a esta coluna cabe como uma luva para a situação atualmente vivida pelo nosso Ramalhão. Já em meados de novembro passado, quando o Santo André assegurou o acesso para a Série A, e mesmo antes disso, o ramalhino bem informado que acessa este sítio com frequência sabia que permanecer na elite seria tarefa bem mais árdua do que a ela chegar.

Isso não somente pelas dificuldades naturais de um time calouro enfrentando equipes bem mais tradicionais, mas também por que essas equipes têm a seu serviço um verdadeiro batalhão empenhado em assegurar que o “status quo” do futebol brasileiro não corra o menor risco de mudança. Esse batalhão está entranhado, principalmente, na mídia esportiva, e age dessa forma não necessariamente por amor àquelas equipes tradicionais, mas principalmente pelo apego a seus empregos – pois, como qualquer aprendiz de Fagundes, o Puxa-saco (divertido personagem criado pelo cartunista Laerte) sabe, adular os detentores do poder (no caso, os “grandes clubes” e suas numerosas torcidas) é a forma mais segura de manter a salvo audiência e faturamento de seu empregador, e por tabela, seu próprio emprego. A presença do Ramalhão (assim como do Barueri) na Série A, ainda que conquistada em campo e dentro das regras do jogo, é vista como ofensa, se não ameaça, por essa mídia incapaz de enxergar além do próprio umbigo.

E desde o começo da temporada o batalhão vem agindo sem dó. Críticas ao Ramalhão vêm de todos os lados: “intruso”, “time de aluguel”, “time de prefeitura”, “hóspede indesejado” - são diversos os epítetos lançados injustamente ao time por jornalistas e assemelhados, mal informados ou com deliberada má-fé. Para não falar das críticas ao estádio Bruno Daniel, algumas delas, reconhece-se, com fundamento, embora dirigidas erroneamente ao ECSA e não à municipalidade de que o estádio é patrimônio.

Como se não bastasse, as primeiras rodadas do Brasileirão vêm demonstrando uma clara má vontade das arbitragens para com o Ramalhão. Foram três expulsões em quatro partidas (embora em 2008 o Santo André tenha sido elogiado pelo STJD como exemplo de disciplina) e um gol legítimo incrivelmente anulado. É tal o rigor dos árbitros contra os atletas do Ramalhão que fica difícil crer em coincidência.

No entanto, já contávamos com tudo isso. A antipatia geral contra o Ramalhão já era esperada, e estávamos preparados para lidar com ela. O que nenhum ramalhino poderia esperar é o fogo amigo. Não contávamos que a própria direção do futebol profissional colocaria obstáculos à permanência do Santo André na elite. Porque não há como entender de outra forma a tentativa de se retirar do Ramalhão seis mandos de campo, praticamente uma terça parte do total, levando essas partidas para cidades paranaenses.

O raciocínio que motivou a tentativa de mandar jogos em Londrina e Cascavel, com interesse claramente financeiro, é imediatista e não resiste a uma análise elementar: em troca de R$ 250 mil por partida, ou 1,5 milhão de reais no total, o Santo André seria condenado ao rebaixamento, perdendo a verba de aproximadamente R$ 3 milhões destinada aos times da Série A em 2010. É incrível que não se tenha liquidado tal desvario logo no início!

Felizmente, o autor dessa pérola da arte do desperdício de dinheiro não se havia dado o trabalho de ler antes o Regulamento da competição, cujo artigo 22 estipula que todo mando de campo, salvo situações excepcionais, deverá ocorrer dentro dos limites territoriais do estado sede do clube mandante. Já que nem com muito abstração daria para considerar a venda de mandos como “situação excepcional”, o Departamento Técnico da CBF tratou de jogar logo a “grande ideia” em seu devido lugar: o lixo. Se por alguma razão tivermos de fato que jogar fora do Bruno Daniel, nossa casa, levem-se os jogos para a capital, Campinas ou até para o Cai-panela. Pelo menos, teremos a possibilidade de acompanhar e torcer pelo nosso time de coração.

Minha avó estava certa: muito já ajuda quem não atrapalha. 

RAPIDINHAS:

1 – Com a confirmação de São Paulo como uma das sedes da Copa 2014, e a certeza da presença de várias seleções estrangeiras que precisarão de estrutura de treinamento e de estádios para jogos preparatórios, este seria o momento ideal de dar início ao projeto “Arena Santo André”. Comparado aos custos dos novos estádios que serão feitos para a Copa, uma miniarena para 20 mil pessoas custaria algo em torno de R$ 100 a 150 milhões, a ser bancado por particulares. Enquanto isso, a Prefeitura sequer conseguiu concluir até agora o edital de licitação da “micro-reforma” de R$ 6 milhões do Bruno Daniel.

2- Boatos dão conta que o presidente da SAGED deverá embarcar para a Europa em breve. Como férias aparentemente não fazem parte de seu estilo de vida, meu palpite é que o Sr. Ronan levará na bagagem alguns DVDs e “portfolios” de jogadores do Ramalhão. Afinal, a janela de negociações está prestes a se abrir.







 

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