Siga-nos no Twitter! Curta nossa fan page no Facebook!

29/04/2005 - 22:13:58

As Aventuras de Valter Bittencourt no Paraguai - Parte 3

Valter Bittencourt

Tristeza no vestiário e reflexão na Churrascaria
Do enviado especial ao Paraguai, Valter Bittencourt

Logo que as portas do vestiário se abriram, era nítido o clima triste pela derrota. Jogadores calados e pensativos, talvez pensando nas alternativas que poderiam mudar o placar final da partida. Com o semblante fechado muitos atletas do elenco saíram direto do chuveiro para o ônibus que os esperava para levá-los ao hotel. Não havia clima sequer para pedir entrevistas. E lá estávamos eu, outro jornalista brasileiro e um repórter da rádio paraguaia, que me perguntava várias coisas sobre o histórico do clube e dos jogadores.

O zagueiro Gabriel, Sandro Gaúcho e Diego Padilha representavam bem em seus rostos a decepção por ter jogado uma partida em que a equipe foi melhor e perdeu em um lance de bola parada. Assim como na partida com o Táchira, a bola parada decidiu a partida. Seria essa uma maldição sobre o time que carrega nome de Santo?

Junior Costa, um dos poucos jogadores a falar com a imprensa lamentava a falta de sorte de sua equipe. "Lamento muito a falta de sorte. Dominamos a partida, mas infelizmente a bola que não sobrou para nós durante a partida sobrou para eles, que tiveram qualidade e fizeram o gol. Mas vamos trabalhar firme pela classificação, porque temos chances ainda". O goleiro não desanima e mostra que quer continuar a todo custo na Libertadores. "Quem não quer jogar uma Libertadores hoje, ter uma oportunidade como essa. Temos que dar o máximo, independentemente da nossa posição", disse.

O atacante Leandrinho foi um dos atletas que mais sentiu a derrota da equipe. O jogador estava inconformado nos vestiários, e sem condições de dar uma entrevista, pediu para que eu falasse com Richarlyson, que estava logo ao seu lado. O camisa 10 do Santo André vê a derrota desta partida como uma lição. "Nós aprendemos muito com a derrota de hoje. Temos mais um jogo e vamos torcer por uma vitória do Deportivo Táchira, para jogarmos a nossa classificação contra os venezuelanos dentro de casa". O jogador sofreu ainda com a violência dos adversários dentro de campo. Richarlyson tinha nada menos do que três ataduras estancando sangramentos em seu rosto. Uma da partida contra o CRB na estréia da série B, e mais dois que ocorreram na partida contra os paraguaios. "Em alguns momentos o árbitro deixou a desejar, e por isso sofri um corte na boca e outro na supercílio e ele não marcou falta. Mas esse é meu espírito guerreiro, e se tiver que sair com o rosto todo marcado, a gente sai pra dar o melhor", falou o jogador.

Sérgio Soares acredita que os detalhes determinaram a sorte do Santo André nessa partida. "Hoje era um jogo de detalhes. Fatalmente quem errasse sofreria o gol e conseqüentemente perderia o jogo. A equipe se comportou muito bem, mas infelizmente se teve alguém que errou, fomos nós". O técnico do Ramalhão usa o exemplo do Fortaleza - que conseguiu o acesso à série A milagrosamente - como fator motivacional para o grupo. "A situação do Fortaleza era toda adversa e eles conseguiram. Temos que continuar acreditando, pois o nosso trabalho é sério e profissional e espero que possamos atingir a classificação na última rodada", disse.

Assim como pensa o técnico Sérgio Soares, Junior Costa torce para que o Deportivo Táchira seja o grande vilão do Palmeiras para manter o Santo André vivo na competição. "Primeiro temos que torcer para o Táchira. Se eles vencerem o Palmeiras, estaremos na briga de novo pela classificação. Também acredito que o Cerro não vá entregar o jogo para o Palmeiras em São Paulo, até porque pelo regulamento, o primeiro lugar vale muito, e eles vão preferir uma equipe mais fraca na seqüência da competição". conclui o goleiro do Ramalhão.

Na saída do estádio, enquanto os jogadores partiam de volta ao Yatch Golf Club, eu e alguns torcedores do Santo André fomos comer algumas pizzas e discutir tudo o que aconteceu nesta noite de festa para Assunção. Hipóteses nós criamos várias. Conclusões, nenhuma. A única coisa que sabemos é que só o futebol faz nos sentir do céu ao inferno, da água ao vinho, enfim, milhões de mutações em uma fração de segundo. E mesmo com uma derrota, a paixão pelo esporte é a mesma. Afinal, nenhum jogo é igual ao outro.

Na manha desta sexta-feira (29), partimos de volta para o Brasil com uma derrota e muitas lições na bagagem. O Santo André não depende mais dele, e deve torcer muito para conseguir a classificação. A equipe enfrentará o Marília no domingo defendendo o liderança da série B. Depois, volta os olhos para o jogo entre Táchira e Palmeiras na Venezuela. Esta partida poderá ser um divisor de águas desta inédita história internacional do Santo André. Eu volto mais experiente e com a certeza de que Libertadores é especial, e só ela proporciona os momentos únicos que presenciei nestes poucos dias no Paraguai. Uma história de vida e várias recordações que poderei contar um dia para meus netos.

Fim!

Valter Bittencourt no gramado do La Olla

 

 






 

Ramalhonautas - Balançando a Rede! O Site do Torcedor Ramalhino
®2004/2024 - Todos os Direitos Reservados