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30/05/2006 - 00:37:38

Histórias de um velho Santo André x Palmeiras

Luiz Henrique Gurgel

A primeira vez na vida em que fui a um estádio ver um jogo de futebol, foi em 1974. Mais tarde descobri que era o dia 28 de julho de 1974. Eu acabara de completar oito anos. O estádio era o Bruno José Daniel, que só tinha a parte coberta. Meu pai, que nunca foi fanático por futebol, resolveu levar-me. O jogo era um amistoso entre o Santo André e o Palmeiras. O time paulistano era aquela maravilha, bicampeão brasileiro (ou em vias de tornar-se) formado por Leão (o atual técnico do São Paulo), Dudu, Luís Pereira (craque da seleção, que passou pelo Ramalhão e hoje está na Espanha), Edu, Leivinha e o magistral Ademir da Guia, entre outros. Do Santo André eu apenas ouvira falar de Fernandinho e Tulica. No ano seguinte alguns daqueles jogadores seriam campeões paulistas da antiga Primeira Divisão, atual segundona. Acima dela havia a Divisão Especial.

Minha identidade futebolística era confusa. Meu pai não torcia por ninguém, tinha uma simpatia pelo Santos e via futebol quando a Seleção Brasileira jogava. Meu avô era um palmeirense fanático e meu tio um sãopaulino doente.

O Bruno estava lotado e o Palmeiras deu um show: 4 a 0, com dois gols de Ademir da Guia, um de Leivinha e outro do Edu. Saí extasiado com o espetáculo, vendo todas aquelas estrelas (eu colecionava figurinhas de futebol e jogava futebol de botão com aquelas caras), hoje personagens históricos na galeria dos melhores de todos os tempos. Curiosamente, apesar do show verde, eu fiquei apaixonado pelo time de camisa amarela, então a cor do uniforme principal do Ramalhão, com um escudo diferente (aliás prefiro esse antigo, sem a “muralha” do distintivo atual, só com a faixa “E. C. Santo André” em baixo). Minha família achou estranho, não havia lógica. Meu avô não acreditou. Foi nelsonrodriguiano: se os fatos estão contra mim, danem-se os fatos.

Até hoje não sei direito o porquê. Não era apenas por ser o time da minha cidade, alguma magia se instalou. Mesmo depois de dizer a meu avô que o Santo André era meu time do coração, ele continuou conversando comigo como se eu fosse palmeirense. Não levava minha “ramalhice” a sério. O fato é que ainda hoje, toda vez que jogam Santo André e Palmeiras, sou assaltado por essa lembrança que fez nascer a paixão. Talvez seja a esperança de um dia ver o Ramalhão devolver os 4 a 0. Taí a Libertadores, quem sabe... .

 

 






 

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