Antes de qualquer coisa, quero agradecer muito aos criadores e componentes do Ramalhonautas pelo convite. Aceitei ser colunista do site, primeiro por acreditar na idoneidade e responsabilidade dos idealizadores e segundo por ser um espaço que tem o objetivo único de debater assuntos sobre o nosso clube do coração: o Esporte Clube Santo André. Aliás, sobre isso que escrevo nessa primeira oportunidade.
Não tenho dúvidas que o Santo André é um clube diferente. Fundado sob luz de vela, em dia de chuva, essas seriam as primeiras dificuldades. Depois viriam muitas outras, algumas difíceis de serem superadas, outras transpostas com muito trabalho e dedicação. Mas o principal diferencial do clube é exatamente a sua origem: a própria população da cidade.
O Santo André já nasceu com torcedores apaixonados. Gente que, desde os primórdios, deixavam de lados interesses pessoais para se dedicar inteiramente ao clube. Pessoas humildes, batalhadoras e incansáveis, que viam naquela agremiação criada em meados de 1967, uma chance única de mostrar a todos que a cidade de Santo André, além de ser uma das mais ricas e industrializadas do país, era também a cidade do futebol, do esporte bretão que, na época, se encantava com a plasticidade e elegância apresentada pelo Rei Pelé nos gramados brasileiros. Assim, muito mais do que um simples time de futebol, o Santo André, a partir de sua fundação, quando entrasse em campo, não representaria apenas uma torcida ou uma facção, representaria um município. Isso foi imortalizado quando, logo na reunião de fundação, foi definido que o clube vestiria, sempre, em qualquer circunstância, as cores e o brasão da cidade.
Essa ligação entre o clube e o município foi se fortalecendo a cada ano. A estréia oficial foi no aniversário da cidade, em 8 de abril de 1968, contra o Santos. Mais tarde, em meados dos anos 80, o clube ganhou uma marca eterna: o apelido de Ramalhão. Uma justa homenagem a João Ramalho, o fundador do município. Aliás, o Santo André é o único clube registrado na Federação Paulista de Futebol que possui um mascote histórico. A criação dos Ramalhonautas enobrece e eterniza ainda mais esta homenagem.
Por tudo isso, conclui que torcer para o Santo André é uma coisa mágica. Para ilustrar o raciocínio, peguei emprestado o título do livro-reportagem da minha amiga jornalista, Bárbara Telini, que em sua conclusão do curso de jornalismo produziu um brilhante livro que conta exatamente o poder provocado pela paixão de um torcedor a um clube. Dei o mesmo título a coluna, pois tenho convicção que vocês, leitores apaixonados pelo Santo André, concordam que se sentiram enfeitiçados quando o maestro Adãozinho bateu o pênalti contra o Ituano no acesso para a Série A-1 do Campeonato Paulista; ou os mais antigos se renderam quando Paulo Borges, Rubão e Radar decretaram o primeiro acesso do clube em 1981; ou ainda quando a cabeça de Sandro Gaúcho desferiu um golpe certeiro no gol flamenguista na inesquecível decisão da Copa do Brasil. Se vocês, caros leitores, perderam o sentido e a razão nesses momentos, se esqueceram por um instante de onde e com quem estavam, se abraçaram o torcedor ao lado sem ao menos saber o seu nome, não se preocupem, isso foi apenas à mágica da paixão agindo e correndo nas veias de cada um. Sintam-se privilegiados, pois provavelmente, o torcedor de um clube intitulado "grande" não sentiu metade deste prazer ao comemorar os momentos marcantes de seu clube. Isso porque eles são coagidos a torcer por uma camisa, uma marca, enquanto nós, andreenses, não temos escolha, simplesmente nos apaixonamos e felizmente nós não mandamos no coração.
Aproveito para encerrar e desejar que a magia de torcer pelo Santo André dure o tempo necessário para que os Ramalhonautas continuem esse grande trabalho e assim conquistem mais corações e por fim se estabeleçam como um grupo de apaixonados e abnegados pelo Esporte Clube Santo André.
Um grande abraço e até a próxima coluna.
Anderson Fattori
|