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10/01/2007 - 18:15:55

Perspectivas para 2007

Carlos Silva

A experiência sempre me desaconselha a tentar fazer previsões, pois ao contrário do personagem principal de uma antiga novela da TV Tupi que hoje está sendo refeita pela Globo, se eu fosse depender de meus dons de profeta para ganhar a vida, passaria fome.

Mas é difícil resistir à tentação de prever o que acontecerá com o Ramalhão em 2007. Então, vou tentar mais uma vez, e no final do ano veremos o quanto consegui acertar.

O ano começa para o Ramalhão com duas diferenças em relação às temporadas anteriores. A primeira: o time manteve o treinador, e embora tenha perdido vários jogadores (como sempre acontecerá), conseguiu trazer reforços com antecedência suficiente para fazer uma pré-temporada com o elenco praticamente formado. A outra é a criação do Clube Empresa, responsável pela administração do futebol do clube. Não se sabe quando a Empresa iniciará suas atividades e o quanto influirá no desempenho imediato da equipe, mas as expectativas são grandes.

O possível ponto negativo deste início de temporada é a aposta do clube em jogadores bastante jovens. Além dos novos contratados, quase todos com idade abaixo de 23 anos, serão promovidos mais 6 ou 7 jogadores das categorias de base, o que faz do novo elenco do Ramalhão um dos mais jovens dos últimos anos, com exceção do Sandro Gaúcho. Essa falta de experiência poderá pesar muito nos momentos cruciais do campeonato. Por outro lado, o entusiasmo da juventude poderá fazer com que esse grupo se supere, no esforço de mostrar serviço. Comando, dentro e fora de campo, será a palavra chave e ingrediente fundamental para compensar a pouca experiência do time.

Prevejo um Paulistão muito equilibrado no princípio, mas depois os principais candidatos ao título (São Paulo e Santos) irão deslanchar. O Santo André montou um elenco para fazer campanha apenas mediana: como dito acima, é evidente a falta de jogadores mais experientes, capazes de comandar os garotos em campo. A tendência é que o time comece um tanto irregular, permanecendo no meio do bolo da tabela de classificação, mas aos poucos o desempenho deverá melhorar, à medida que a equipe ganhar entrosamento e confiança no esquema tático do treinador. Por ser um campeonato de tiro médio, a manutenção do técnico será essencial para que se obtenham bons resultados; do contrário, todo o planejamento irá para o espaço e o elemento "sorte" acabará sendo decisivo. No cenário mais otimista, vejo o Ramalhão em condições de lutar por vaga na 2ª fase e na Copa do Brasil. Mas o mais provável é que o time apenas brigue nas posições intermediárias.

Ao final do campeonato paulista haverá, como de hábito, um pequeno desmanche. A maior perda deverá ser Ramalho, vendido a algum clube da Série A. Novos reforços, pelo menos três, deverão chegar para a disputa da Série B. Nessa mesma época, o Clube Empresa entrará em atividade e a assembléia dos cotistas nomeará um Diretor para administrar o futebol do clube com plenos poderes. Talvez o nome não seja do gosto da torcida, mas para os cotistas isso será irrelevante. Acredito que nessa fase serão anunciados os investimentos na primeira etapa do CT a ser entregue até o final do ano.

O desempenho inicial do Ramalhão na Segundona dependerá diretamente do rendimento da equipe na reta final do Paulistão. Um time motivado e entrosado começará a todo vapor, mantendo-se nas primeiras colocações por várias rodadas, e daí para a frente a qualidade e quantidade do elenco começarão a fazer diferença. Nesse momento vamos saber se teremos time para subir ou não. Uma eventual mudança de técnico, caso se faça necessária, terá que ocorrer no máximo até a metade do 1º turno, para que o trabalho do novo treinador possa render resultados a tempo; caso contrário dependeremos mais uma vez da "sorte". Uma segunda mudança de comando durante o campeonato seria desastrosa e nos colocaria apenas na briga para não cair.

No cenário ideal que vislumbro, o Ramalhão terminará o primeiro turno entre os 5 primeiros e, trazendo mais um ou dois novos reforços que melhorarão a qualidade do grupo, passará a brigar decididamente pelo acesso à Série A. Com as medidas de popularização que (espero) serão tomadas pela Empresa, a média de público no Bruno Daniel subirá para 5 mil pessoas, o que será decisivo na reta final. Nesse cenário, conseguiremos o sonhado acesso. No final da temporada, a empresa marcará uma grande festa no Clube de Campo, para comemorar o acesso e inaugurar a primeira etapa do CT. A imprensa paulistana será convidada e não esconderá sua surpresa com a estrutura montada e com o fato do E. C. Santo André ter duas sedes, e mais associados que a maioria dos clubes da Capital...

É claro que várias coisas podem dar errado, e temos que estar preparados para isso. Os jogadores podem não render o que deles se espera; o treinador pode cair ou aceitar uma oferta financeiramente maior; fatos externos e fortuitos, excesso de contusões e suspensões, erros de arbitragem, etc., podem prejudicar o grupo. A existência do Clube Empresa poderá fazer uma grande diferença nessa hora, especialmente se o cargo de Diretor for entregue a um profissional capacitado: com isso os problemas poderão ser minimizados e as dificuldades serão menores ao longo da temporada, o que nos ajudaria a ganhar aqueles pontinhos a mais que sempre insistem em faltar a cada final de campeonato.

Em resumo, vou apostar na mística do ano ímpar e na eficiência dos novos responsáveis pela condução do futebol profissional do clube, e acreditar em uma ótima temporada para o Ramalhão em 2007, coroada com o acesso à Série A.







 

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