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20/01/2005 - 13:21:21

Homem Primata, Capitalismo Selvagem!

Luiz Henrique Gurgel

Tempos atrás fiz uma entrevista com o cronista esportivo Juca Kfouri. A certa altura da conversa, falávamos do que é ter paixão pelo time do coração e do que significa ter amor à camisa. Juca lembrou de uma história que vivenciou na principal entidade de futebol de São Paulo. Diretores da entidade riam quando ele falava da paixão pelo time do coração, do amor de um jogador à camisa que veste e coisa parecida. Insinuavam que aquilo era passado e que futebol hoje em dia é só negócio, ou business, para ser mais chique.

De fato, nunca na história da humanidade ganhou-se tanto dinheiro com um esporte. Talvez amor à camisa seja mesmo coisa do passado. Garotos que queriam ser boleiros tinham sonhos de jogar num grande time, para uma grande platéia. Esses sonhos continuam, mas acho que vem na frente a vontade de faturar alto nas Arábias, Europa ou Japão; ter uma modelo como namorada e uma Ferrari. Nada contra, mas é pena que o futebol - símbolo de nacionalidade para os brasileiros - esteja exageradamente mercantilizado.

Voltando à camisa, é justamente por amor a ela que prefiro vê-la sem publicidade (digo isso com todo respeito à Coop). Mas se isso é inevitável hoje em dia, ao menos que ela fosse mais discreta. Uniforme de time, para mim, é sagrado. Hoje, até traseiro de jogador serve para anunciar.

E time que vira empresa? Vejam a história lamentável do Paulista de Jundiaí que ficou com nome de extrato de tomate; a do Ituano que é "Sociedade de Futebol Ltda"; a do Parma, da Itália, que está sendo vendido pela dona do time, a Parmalat; e a do Corinthians que agora tem um "dono" iraniano que não fala português e que recentemente descobriu que futebol se joga com onze de cada lado. Acho tudo muito perigoso. Sou homem primata, mas apaixonado. Torcedor também é dono do time. Não sou simplesmente consumidor de um produto chamado futebol. Uma coisa são as empresas quererem comercializar produtos com a marca do time. Outra coisa é o time virar produto que se compra e vende.

Time não é marca de carro, sabão em pó ou papel higiênico que eu escolho, compro, uso e jogo fora ou revendo. Se um dia o Esporte Clube Santo André virar qualquer coisa como "Santo André Empresa de Futebol Limitada", eu desisto. Vou torcer para os barrigudos, de bem com a vida, do Independência da Vila Assunção. Enquanto isso não ocorre, continuo gritando à vontade: É RAMALHÃO EÔ!!!!!






 

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