Siga-nos no Twitter! Curta nossa fan page no Facebook!

16/07/2008 - 22:19:52

Bruno Daniel: o incrível estádio que encolheu

Carlos Silva

O duelo tão aguardado entre Santo André e Corinthians, no último dia 12/7, levou 10.468 pagantes ao Bruno Daniel (80% deles corintianos), o maior público da temporada em nossa casa e proporcionando ao Santo André uma arrecadação líquida de R$ 212 mil, por conta da majoração (ou melhor diria, multiplicação) do preço dos ingressos. Mas, ao contrário do que possa parecer, isso não foi um bom sinal – porque comprova que nosso estádio é bem menor do que se supõe.

Há alguns anos dizia-se que o Bruno Daniel poderia comportar 20 mil pessoas e há quem jure que já tivemos um público desses (em outra partida contra o Corinthians, na despedida do lateral Zé Maria). Mas sempre achei esse número exagerado. Certa vez fiz um cálculo por conta própria e cheguei a cerca de 15 mil lugares, com lotação total, sem descontar os espaços para circulação.

Com a promulgação do Estatuto do Torcedor, que passou a responsabilizar os clubes mandantes em caso de tumultos provocados por superlotação, um fenômeno curioso se deu em todo o país: o encolhimento dos estádios. De repente um colosso como o Morumbi, que recebeu oficialmente 120 mil pessoas na final do Campeonato Paulista de 1977 (no fim da "fila" corintiana), passou a comportar não mais que 80 mil. Certamente as novas exigências de conforto (?) para o público, somados ao medo da cartolada de sofrer punições, foram as causas desse estranho fenômeno de contração do concreto, não explicado pelas leis físicas.

O Bruno Daniel não escapou dessa síndrome de encolhimento. Há algum tempo o sítio da FPF atribuía ao Estádio Municipal de nossa cidade pouco mais de 14 mil lugares sentados. Atualmente, aquele sítio não traz mais informações sobre a capacidade dos estádios. Mas não há razão para supor que esse número tenha mudado.

Na partida do último dia 12, por razões de segurança, o comando do policiamento limitou inicialmente a carga a 10 mil ingressos, mas o clube conseguiu aumentá-la para 12 mil. Quem esteve no estádio acredita que até poderiam ser colocadas mais 2 mil pessoas, mas somente no setor coberto, pois a arquibancada estava completamente tomada. É bastante razoável supor, então, que de fato o Bruno Daniel não abrigue mais que 12 mil pessoas em condições adequadas; mais que isso, seria arriscado.

Só mesmo afetivamente podemos chamar nosso estádio de "Brunão", pois ele é, sem dúvida, um estádio pequeno. A altura da arquibancada dá a impressão de grandiosidade, mas essa impressão é ilusória: se ao invés de um lance único houvesse um anel em torno do campo, com a mesma metragem linear da arquibancada existente (e portanto, a mesma capacidade de público), a altura cairia pela metade – e ficaria evidente a real dimensão do Bruno Daniel.

E onde estou querendo chegar com essa conversa toda? Simples: o regulamento do Campeonato Brasileiro da Série A determina que somente poderão ocorrer partidas do campeonato em estádios com no mínimo 15 mil lugares sentados. E o Bruno Daniel decididamente não tem essa capacidade. Se o Ramalhão conseguir o tão sonhado acesso à Série A, a pequenez de nosso estádio será um problema muito sério: se não se der um "jeitinho" de "esticar" o estádio novamente, com certeza teríamos que mandar jogos fora de nossa cidade, o que provavelmente tornaria nossa participação na elite mais curta que vôo de galinha.

E o problema não é somente o tamanho do estádio, mas suas condições. Há alguns dias tive a oportunidade de vistoriar rapidamente a arquibancada e não gostei nada do que vi. O concreto já está desgastado, com rachaduras e cantos vivos nos degraus que podem ferir alguém que se sente ali. Em algumas frestas há até tufos de mato crescendo. Do setor coberto, já estamos cansados de falar. Pequenas intervenções cosméticas já não disfarçam a precariedade das condições de nosso estádio, que implora por uma reforma geral.

Está na hora de encarar, com seriedade e de forma definitiva, a questão do Bruno Daniel, pois ela é fundamental para o futuro do Ramalhão. Ou se parte imediatamente para uma reforma e ampliação do estádio, ou o futuro do E. C. Santo André no futebol profissional estará irremediavelmente comprometido. Já que o estádio é um bem do município, não existe como dissociar futebol e Poder Público em nossa cidade (a não ser que apareça por aqui um bilionário estrangeiro, gaste uns R$ 100 milhões para construir uma arena novinha na Avenida dos Estados e a doe para o Ramalhão, hipótese nada razoável).

Então é o momento de cobrar, da Administração da cidade, a renovação do compromisso com o futebol profissional de Santo André, como fez Celso Daniel há uma década – e não é de compromisso financeiro que estamos falando, pois há instrumentos legais para a participação da iniciativa privada. O que se precisa, mais do que tudo, é que ressurja o envolvimento cívico, afetivo e político da cidade com o Ramalhão, sem o que qualquer projeto de crescimento já nascerá fadado ao fracasso.

Idéias para modernização do Bruno Daniel não faltam. Eu mesmo ousei criar um projeto há alguns anos, que consistia em continuar a arquibancada atrás do gol dos fundos e substituir a pesada marquise por um lance de cadeiras superiores, que daria ao estádio um aspecto de arena e aumentaria sua capacidade para 20 mil lugares. Se alguém tem mais idéias, que as apresente. Quem sabe não conseguimos improvisar um concurso...







 

Ramalhonautas - Balançando a Rede! O Site do Torcedor Ramalhino
®2004/2024 - Todos os Direitos Reservados