O Campeonato Paulista chegou ao seu final. Para alguns de forma melancólica com o título do São Paulo definido com três rodadas de antecedência. É o momento certo para refletir, comemorar, chorar, ou seja, colocar tudo sobre a mesa e discutir os pós e contras da competição.
Para o Santo André não poderia ter sido melhor. Ou poderia? O clube terminou a competição na quarta colocação, atrás apenas do grande time do São Paulo, dos galáticos do Corinthians e do Santos do sensacional Robinho. De quebra, alcançou a melhor colocação de todos os tempos, ultrapassando o quinto lugar de 1983 - que garantiu o ingresso da equipe no Campeonato Brasileiro da primeira divisão do ano seguinte - e de 2002, quando a competição foi disputada sem os chamados "grandes". Dessa forma podemos concluir que fomos bem, ou melhor, muito bem.
Na verdade, o que quero discutir aqui é a fórmula de disputa do torneio. O sistema de pontos corridos, meu favorito, foi esculhambado por grande parte da imprensa. Não tiro a razão das críticas, até porque, a competição deste ano veio comprovar que não pode haver pontos corridos com apenas um turno. Como não há datas para dois turnos, chego à conclusão que no Campeonato Paulista, não é a melhor fórmula.
Sou um apaixonado por campeonatos estaduais. Rivalidade, emoção, grandes jogos, enfim, isso jamais pode morrer. Por isso, deixo aqui uma contribuição e, quem sabe, possa melhorar ainda mais o nosso Paulistão. Imagino um campeonato com 20 clubes, divididos em quatro grupos com cinco clubes em cada um. Cada um dos chamados grandes seriam cabeças-de-chave de cada um dos grupos. E os grupos seriam regionalizados, por exemplo, o grupo um teria os seguintes integrantes: São Paulo, Santo André, São Caetano, Portuguesa de Desportos e Atlético de Sorocaba. O grupo dois teria Corinthians, Guarani, Ponte Preta, Mogi Mirim e Paulista. O três teria o Santos, União Barbarense, Rio Branco, União São João e Inter de Limeira. Por fim, o grupo quatro teria Palmeiras, América, Marilia, Ituano e Portuguesa Santista.
Claro que essa sugestão foi baseada nos moldes dos clubes que disputaram a competição deste ano. Sei que haveria protestos e discussões, principalmente relacionados ao desnível técnico entre os grupos, pois, o grupo três, contaria com três dos quatro clubes rebaixados, mas quem poderia supor que isso aconteceria, pois, com a rivalidade regional, imagino que as diretorias trabalhariam com mais afinco para garantir bons reforços.
Ainda vou trabalhar essa idéia. Temos hoje 19 datas para o Paulistão. Nessa fórmula, todos jogariam contra todos dentro dos grupos em turno e returno, assim seriam oito jogos. Classificariam os dois melhores de cada grupo, assim sobrariam 11 datas e a fase final com oito clubes divididos em dois quadrangulares. Jogos de ida e volta dentro dos quadrangulares classificando os dois primeiros para a semifinal a que ocupariam mais seis dias e sobrariam cinco datas. Nessa fase, o cruzamento de primeiro contra segundo com jogos de ida e volta, assim como na grande final. Ocuparíamos apenas quatro das cinco vagas disponíveis, ou seja, diminuímos uma data das disponíveis. Para movimentar o interior, os clubes que não se classificaram na primeira fase disputariam o chamado "torneio da morte" definindo os quatros rebaixados.
Essa fórmula é a que me agrada, pois além de acirrar a regionalidade, com pelo menos, dois clássicos por região, com projeções de boas rendas, teríamos uma competição, que, além de premiar a equipe que tiver um bom rendimento durante toda a competição, não terá o chamado "jogo que não vale nada", pois com poucos jogos por chave, é tudo ou é nada. Mas isso é passível de grandes discussões, o que precisamos é valorizar o futebol do interior do estado.
O sonho é possível sim!
O Santo André está vivo na Libertadores. A grande vitória sobre o Palmeiras, por 2 a 1, mostrou a qualidade do elenco que pressionou o adversário o tempo todo e saiu de campo com o que queria: a vitória. Além dos três pontos, a partida mostrou que com o elenco completo e sob o comando do competente Sérgio Soares, o Santo André tem um time forte, concentrado, determinado e que não desiste do seu objetivo.
Acredito mais do que nunca na classificação para a próxima fase. Depois, ainda não podemos prever nada, mas o elenco é forte e tem condições de ir avançando. Assim como na Copa do Brasil do ano passado, temos que matar um leão por jogo, o próximo é o Cerro Porteño. Vamos torcer e sonhar, pois o sonho é permitido e melhor, pode virar realidade.
Grandes e pequenos
Uma pena que a história pese mais do que o presente no futebol brasileiro. Muitos "clubes grandes" ostentam o nome muito mais pela tradição do que pelo futebol apresentado nos últimos anos. Assim é também com os jogadores. Fiquei pasmo ao ver na convocação da Seleção Brasileira com jogadores que atuam no Brasil a zaga com Glauber do Palmeiras, Leonardo do Santos e Fabiano Eller do Fluminense. Isso é brincadeira e de mau gosto.
Não tenho dúvida alguma em dizer que se o jovem Diego Padilha e o experiente Dedimar estivessem em um clube desses, que jogam com o passado, estariam na seleção. Porque isso acontece? Alguém pode me explicar? Um absurdo.