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25/07/2005 - 17:45:02

Jairo Aparecido Livólis

Entrevistador(es): Carlos, Elias, Gentil e Gisélia


PERGUNTAS sugeridas pelos membros da Torcida Virtual Ramalhonautas.


1) INTRODUÇÃO:

Gostaríamos de saber quando o Sr., nascido em Monte Azul Paulista, veio para o Grande ABC e como se iniciou sua relação de amor e devoção para com o clube e a cidade de Santo André.
Vim para Santo André de Monte Azul Paulista na véspera do Natal de 1959, me fixei por aqui e passei a construir minha vida toda na cidade, ainda garotão. A minha relação com o time começou desde o momento da fundação do clube em 1967, acompanhando de perto, mas sem fazer parte do grupo. Acompanhava os jogos no Corintinha (estádio Américo Guazelli). Fui me envolver de uma forma mais próxima em 1971, quando o presidente era o Wigand. O clube começou em 1967 e depois deu uma adormecida, teve alguns problemas com a diretoria e o Wigand assumiu em 1971, criou uma diretoria e fez um grande esforço com o prefeito da época. A partir daí comecei a freqüentar de uma forma mais próxima, acompanhava o time em casa e nos jogos fora, ajudava o Wigand em algumas situações. Este foi o meu início. Não ocupava nenhum cargo de diretoria. O meu primeiro cargo de diretoria foi em 1974, quando Wigand novamente assumiu a presidência em substituição ao presidente José Amazonas que entregava o cargo e recomendava o fechamento do Santo André alegando que era inviável. O Wigand não concordou com o fechamento e falou que essa bandeira ele segurava e neste momento estava próximo dele e comecei a fazer parte da diretoria. Formou-se então a diretoria: Wigand, Lauro Oliani, Hilário Bosisio, Geraldo Novaes e eu que era diretor de futebol amador. A partir desta data nunca mais deixei de viver o Santo André. Afastei-me apenas na gestão do Passarelli, e quando ele pediu demissão, reunimos eu, Breno Gonçalves, Eduardo Alves Duarte (presidente do conselho), o irmão do Silvio das lojas Esportiva, e Fausto Polesi que elegemos como presidente do Santo André.

2) Tema: FUTEBOL PROFISSIONAL

Como o Sr. Avalia a participação do Santo André na Libertadores?
Na minha opinião foi uma campanha mediana, mas honrosa, diria que terminamos honrosamente. Diria que pela primeira vez o Santo André participou de um torneio internacional e não classificamos para uma fase seguinte por um detalhe daquele primeiro jogo com o Táchira. Ali o Ferreira não foi feliz, perdemos aquele jogo e perdemos a possibilidade de prosseguir um pouco mais. Mesmo assim acho que a nossa estréia na Libertadores foi honrosa, porque jogar com o Cerro lá em Assuncion não é fácil e por pouco não conseguimos o empate. Jogamos aqui muito bem contra o Cerro e poderíamos ter vencido, não fosse o Richarlyson ter feito a bobagem que fez. Empatamos com Palmeiras no Parque Antártica e ganhamos o jogo aqui, e encerramos a participação goleando o Deportivo por 6x0, que foi nossa primeira vitória oficial contra um clube estrangeiro em competição internacional. Embora eu sonhava ir um pouco mais adiante, defino que não tivemos uma má participação.

Entendemos que o campeonato da Série B é tão ou mais importante para o clube do que a Libertadores. O Sr. Partilha desse entendimento?
A Libertadores era um sonho, a série B é um projeto. O Santo André na série A do Brasileiro, vai adquirir um status que é definitivo e vamos para um patamar de primeiríssima linha do futebol brasileiro e com total condição de se sustentar na série A. Vai se abrir portas, como as de receitas: televisão, patrocínio, venda de atletas. Hoje vender um jogador numa série B é bem diferente do que vender estando na série principal.

O Santo André está com problemas de composição de elenco, pois vários jogadores saíram após a Libertadores e o time caiu de rendimento. O prazo de inscrição de novos atletas na Série B está se esgotando. Como está a busca de reforços? Está havendo dificuldade para encontrar, no mercado, jogadores de qualidade?

Bons reforços virão. Atualmente se tem muito jogador disponível no mercado, mas de desempenho duvidoso. Precipitamos quando trouxemos recentemente uns três reforços que coloco nesta categoria dos duvidosos, nos obrigando a repassá-los. Agora bons jogadores realmente está difícil, até porque os bons jogadores não querem vir para a série B, entre ganhar uns R$10.000,00 aqui e uns R$10.000,00 no Figueirense ele prefere lá, por ser da divisão principal. Isto realmente dificulta as contratações.

Financeiramente, o futebol profissional do clube está equilibrado?

Sim, totalmente equilibrado.

Caso o Santo André consiga o acesso para a Série A, o que todos esperamos, o clube terá respaldo financeiro e técnico para manter-se nela?

As nossas possibilidades realmente serão grandes e tudo gira em torno das receitas. Todo meu plano no clube é a partir de um planejamento de receitas e a partir daí definimos o que faremos com o futebol e ao final de cada ano temos rigorosamente despesas e receitas em equilíbrio. Não fazemos aventuras, não contratamos jogadores acreditando que a torcida irá pagar, que ganhando o campeonato a coisa ficará mais fácil, e isso acontece com a maioria. As receitas para participação na série B eram da ordem de R$ 400.000,00, pegando todos os 22 clubes. Na última quinta feira nos reunimos no Rio de Janeiro e depusemos o presidente da FBA e nomeamos um novo presidente. A intenção é sanear mas a frustração de receitas na série B é definitiva. A receita líquida da televisão que deveria ser repassada soma R$ 450.000,00, recebemos R$ 50.000,00 em abril, e estes R$ 400.000,00 não virão, devido uma má condução do processo, então esta seria a receita da TV, R$ 450.000,00. Já na série A, a menor cota de televisão, portanto uma cota que receberíamos se lá estivéssemos é da ordem de R$3.600.000,00, simplesmente R$ 3.150.000,00 a mais de receita, sem contar uma melhor negociação com patrocinadores, publicidade, rendas dos jogos. Atualmente nossa arrecadação em função da bilheteria dos jogos é zero, pois apenas se paga, porteiro, bilheteiro, as taxas de federação, arbitragem, anti-doping e em algumas vezes fica-se no vermelho. Numa série A enfrentando clubes de maior expressão com certeza aumenta o público. Pode até não se ter 12.000 pagantes em todos os jogos mas consegue-se levar no mínimo na média umas 5.000 ou 6. 000 pessoas.

Como o Sr. Avalia o trabalho do treinador Sérgio Soares, que é muito querido pela torcida?

Esta fazendo um excelente trabalho, possui um potencial de futuro bastante promissor, o que possui contra é o noviciado na profissão, treinador de futebol é uma coisa meio complicada, as coisas nem sempre dão certo. Com certeza ele ainda tem muito para amadurecer. É o nosso treinador e vamos com ele até o fim, confiamos muito nele, vamos ajudar no que for possível, principalmente a superar dificuldades iguais ou maiores a esta que se passou na última semana, tirando jogador, mexendo na comissão técnica, trazendo jogadores, ou seja, colaboraremos no que for possível para que ele tenha uma boa condução do seu trabalho.

A maioria da torcida Ramalhonautas entende que ele teve importância fundamental na conquista da Copa do Brasil.

Realmente ele teve, mas o grande mentor foi o Chamusca. Em toda minha vivência no futebol posso afirmar que ele é um dos que mais bem enxerga o futebol, sabe fazer um boa leitura do futebol, realmente neste quesito é admirável.
Então a expulsão do Chamusca na Copa do Brasil foi em boa hora, tendo que acompanhar os jogos com uma visão de fora.
Foi providencial, lá de cima ele tinha uma boa visão e sabia interpretá-la. O Chamusca fala num tom só, fala baixo com jogadores, já o Sérgio tem mais aquela coisa de jogador, fala mais alto, cobra. O Chamusca lá em cima estudando o jogo e o Sérgio no lado do campo agindo diretamente com os jogadores realmente formaram uma dupla imbatível e foi esta situação que vimos.

Por que o Santo André optou por não disputar a Copa FPF?

Por dois motivos. Primeiro porque tem um custo, e este com certeza teríamos que tirar do previsto para a série B, não sendo prudente. Segundo porque já estamos classificados para a Copa Brasil do próximo ano e não entraríamos com aquele objetivo, apenas pelo Troféu. Se não tivéssemos garantido a vaga para o próximo ano com certeza iríamos disputar. Esta decisão foi tomada após a vitória contra a Ponte, não vamos dispersar nem gastar os poucos recursos disponíveis e nos concentrar na série B e Libertadores.

Como ficou o caso do Richarlyson?

Nós negociamos com o São Paulo, hoje mesmo tive uma reunião com o Juvenal Juvêncio e está tudo acertado, só faltam uns detalhes. O São Paulo fica com 60% dos direitos do jogador, o Santo André fica com 40% e uma quantia em dinheiro, e virá um jogador para nós por empréstimo até o final da Copa do Brasil.

Qual é a atual situação do jogador Denni?

O Denni foi vendido, a sua situação do passe era 50% do Santo André e 50% da Hability. Ele e o Rodrigo Sá quando vieram em 2002 pertenciam a Hability, então fizemos uma parceria deles ficarem no Ramalhão e ficamos com a metade do passe dos dois. Agora a Hability fez uma proposta de compra dos 50% da parte do Santo André. Fizemos o acordo, o Denni foi mas não acertou com o tal time, acabou voltando, e como a Hability não pagou a última parcela do acordo, pegamos o jogador de volta. Aí eles mais que depressa pagaram a última parcela e o Denni foi liberado. A informação que tenho é que ele foi para um time do México.

3) Tema: CATEGORIAS DE BASE

Consideramos o Projeto Jovem Santo André como de absoluta importância para o futebol profissional do clube. A Lei Pelé e os casos recentes de jogadores como Nunes, Fábio Reis e Richarlyson têm alterado a motivação do clube em continuar com o projeto?
De modo algum. Mesmo com os problemas enfrentados com alguns jogadores oriundos das categorias de base, não estamos desestimulados com o projeto, continuamos investindo da mesma forma, revelando jogadores e colocando na equipe principal. Ficamos aborrecidos, mas ao mesmo tempo aumentamos os cuidados para não deixar nenhuma brecha, nenhum equívoco para que os sujeitos se apóiem e vão para a justiça a fim de conseguir liberação do passe. Contratamos escritórios de advocacia em Santo André e em São Paulo para cuidar desta área. Também contratamos um auditor para ficar aqui no clube cuidando desta área, analisando em tempo integral tudo relacionado aos jogadores das divisões de base. Estamos gastando mais dinheiro para prevenir qualquer tentativa de um jogador ser levado embora em condições anormais. Isto não nos dá 100% de segurança, mas ameniza. Tivemos o caso do Renato dos juniores, que alegou que a assinatura do pai dele no contrato era falsa. Como a juíza deu tutela antecipada ele conseguiu negociar com um clube da série A. Há uma semana, saiu a sentença e nós recuperamos o direito, mas como ele já se encontra ambientado lá no clube não queremos criar problema, então vamos negociar. O Nunes como tinha comportamento problemático não fizemos questão de brigar por ele, tanto que está encostado no Coritiba e criando problemas. Esse tipo de encrenca nós não queremos. Com o Tássio fizemos diferente, deixamos o contrato dele acabar e não renovamos. O Fábio Reis se queimou à toa, tinha mais dez meses de contrato conosco, era só esperar e sair com a porta aberta, mas se precipitou e o São Caetano para não criar problemas nos repassou R$100.000,00, ele retirou o processo da justiça e então o liberamos. Também não o queremos de volta no clube.

Como funciona a seleção de atletas para as categorias de base? A parceria com o projeto Pirelli Inter Campus ainda existe?

Como o Projeto Jovem foi criado em 1997, a partir daí estreitamos e criamos relação com vários olheiros do futebol por este país todo. Esta rede de olheiros, sempre tem um que liga para o Reinaldo e indica algum jogador. Ele vem, faz um estágio, e de acordo com seu desempenho fica ou volta. Assim descobrimos os jogadores. O projeto com a Pirelli, foi apenas uma parceria de cunho social, apenas uma forma de colaborar com os garotos de uma faixa de renda desfavorecida. Não tinha como objetivo de identificar jogadores, revelações. Foi apenas um projeto social.

A torcida Ramalhina tem um carinho especial com os jogadores das categorias de base, pois sabe que aí está uma boa receita para o sucesso do profissional. O que podemos esperar para os próximos campeonatos?

Pode se esperar algo bom, porque a geração que está aí é de boa qualidade. Estamos descendo do time principal cinco jogadores com idade de juniores: Rafael, Galliardo, Makelelê, Everton e o André Luis. O André deve continuar no profissional em função da nossa deficiência com a lateral esquerda. A geração é de primeiríssima qualidade, mas não basta, precisamos vencer competições. A nossa expectativa é de um time semelhante ao campeão de 2003.

4) Tema: PÚBLICO/ESTÁDIO

Mesmo com a participação do Santo André em torneios importantes, o público nos jogos do time tem sido pequeno. Sem grandes públicos será bem mais difícil chegar a Série A e manter-se nela. Consideramos a divulgação das partidas extremamente deficiente. O que o clube pretende fazer para motivar o andreense a ir ao estádio? Há algum plano nesse sentido?
Essa é uma resposta muito difícil. Eu e a diretoria toda já pensamos muito neste assunto, os vários caminhos ou possibilidades, não existe nada bem claro. Não existe um plano que possamos executar e levar ao sucesso, vamos fazer assim e assim que o público aparece. Para começar, nós não temos mídia. Numa cidade como Ribeirão Preto há 6 rádios e 2 TVs falando dos times, e aqui nós só temos um jornal, até em função da proximidade com São Paulo, então, a mídia toda é de São Paulo e ficamos sem uma forma de comunicação, dependendo apenas do jornal ou de uma propaganda um tanto quanto mambembe como faixas. Fica difícil acessar o público. Todas as vezes que colocamos este desafio para as pessoas não obtemos opiniões que venham a solucionar o problema da falta de público. As ações tradicionais, como ir às escolas levar as crianças ao estádio, fazer uma divulgação maior, nós já tentamos. Durante o campeonato paulista contratamos uma empresa e fomos às escolas onde levávamos as crianças e um acompanhante com ingresso gratuito. Não deu resultado. Tenho a seguinte visão: primeiro, temos que ter um time de qualidade e vencedor, sem isso não se leva ninguém ao estádio. Por isso fazemos questão em ter um time vencedor e estamos conseguindo desde 2003 e levamos em torno de 2.000 torcedores, até então levávamos metade deste público. Percebemos então este aumento e reafirmo que temos de prosseguir em uma trajetória ganhadora. Com certeza quando entrarmos em uma fase mais nobre deste campeonato o interesse do torcedor na cidade aumentará. E quando estivermos na Série A, jogando com os times grandes, com uma divulgação maior na mídia, com certeza teremos grandes públicos. Se nós tivéssemos hoje a mesma divulgação que tem o São Caetano, certamente teríamos o dobro de público que eles levam. Agora, ainda não temos e nem encontramos nenhuma fórmula para estimular o torcedor a comparecer. Se alguém possuir alguma idéia viável, estamos abertos a sugestões e estudos para viabilizá-las.
Os patrocinadores do time cobram alguma providência com relação ao público diminuto nos jogos?
Não, não cobram nada nesse sentido.

As condições do Estádio Bruno Daniel, nossa casa, não são as melhores. Há desconforto para o público e falta de vagas para estacionamento. Temos deixado de disputar finais em casa porque o estádio não comporta grandes decisões, e para a Libertadores foi necessária uma ampliação provisória para que pudéssemos mandar jogos aqui. Com a ascensão do Santo André no cenário brasileiro, o problema tende a agravar-se. O clube tem feito ingerências junto à Municipalidade para que o estádio receba uma ampliação definitiva?

O Prefeito prometeu que na seqüência vai executar um projeto de ampliação, elevando a capacidade para 20.000 pessoas. Promessa feita no começo deste ano. Não posso afirmar nada referente ao novo formato, esta situação vai depender da Prefeitura e dos arquitetos que irão desenvolver o projeto. A Prefeitura já está trabalhando no sentido de disponibilizar recursos para execução da obra obedecendo toda uma formalidade inerente ao setor público e acredito que será uma obra para 2006. Fora disso, nós enquanto E.C. Santo André, não dispomos de nenhuma possibilidade de acelerar o processo. Vejam bem, a Copa do Brasil do ano passado exigiu um estádio com capacidade acima de 15.000 para jogar as finais, neste ano já não se exigiu.

Não existia o projeto de instalar um placar eletrônico no Bruno Daniel?
O projeto do novo placar eletrônico encontra-se adiantado e deverá ser implantado a curto prazo, diria num prazo bem rápido e se trata de um belíssimo placar.

Em sua opinião, as instalações internas do estádio, tanto para as equipes como para arbitragem, imprensa e público, são adequadas?

Penso que sim, não diria ideais mas são adequadas.

Torcedores já denunciaram que ao pagarem ingresso inteiro na bilheteria foi-lhes fornecida meia entrada. A direção do clube tomou conhecimento desse fato?

Isso é novidade para mim, eu não sabia disso. Esta situação é crítica e de roubo. A questão passa a ser de limpar a área e trocar toda a equipe das bilheterias.

Nos jogos temos constatado a presença de cambistas, inclusive em jogos de menor destaque. Até já aconteceu de torcedor pegar o cambista pelo pescoço e levar até o policiamento, mas o problema continua.
Vou apurar isso. Mas pelo que vocês me relatam acho que não são cambistas, porque ninguém pega ingresso na bilheteria a 5 reais e vende na rua pelo mesmo preço, se fazem isso é porque estão pegando os ingressos de graça. Garanto que esses ingressos não são da bilheteria, devem vir de algum outro lugar, e isso aí tem que ser investigado.

Existe evasão de renda no Bruno Daniel?

Não, de jeito nenhum. Nós temos um sistema de controle dos ingressos que funciona muito bem. Recebemos a carga, depois de encerrada a venda contamos tudo o que sobrou, fazemos a diferença e conferimos com o registrado nas catracas, e bate certinho. Se vocês quiserem, podem chegar mais cedo em um dos jogos e acompanhar todo o procedimento. Então, se o borderô dá 1.500 ingressos vendidos, é porque há mesmo 1.500 pessoas no estádio. Tem alguns pontos fracos, como aquele portão de entrada que sempre alguém acaba pulando por ali, mas evasão não há. Se você olhar o público estando no meio dele, nas cadeiras, a impressão é que está cheio, mas olhando do gramado a visão é totalmente diferente, você vê os claros e percebe que não há tanta gente.

O gramado do Bruno Daniel sempre foi um problema. Com a reforma feita no final do ano passado, o gramado ficou excelente e julgávamos que o problema fora resolvido definitivamente, mas agora vemos que as condições já não são as mesmas. O clube tem atuado junto à Prefeitura para que haja um tratamento e recuperação do gramado?
Com relação ao gramado a Prefeitura tem feito um esforço muito grande. Eles contrataram uma empresa que fez uma nova implantação do gramado, mudanças no sistema de drenagem bem como para cuidar de sua manutenção. O problema atual não se dá em função a quantidade de jogos, até porque só utilizamos para jogos e raras vezes é utilizado para treino. O problema maior é decorrente das condições climáticas que enfrentamos no momento. Atualmente estão fazendo o plantio de sementes próprias para inverno para que o gramado continue em boas condições. Estas sementes irão germinar matando a grama atual, recuperando o gramado, com melhor resistência para esta fase do ano e quando chegar a primavera ela morre e ressurge a antiga. Vamos esperar para ver o resultado. A Prefeitura tem se esforçado e muito neste assunto, diria que estão trabalhando no limite do ideal.

No passado a torcida tinha um melhor tratamento por parte do policiamento nos jogos, pois a corporação era de Santo André. Hoje, o torcedor ramalhino é maltratado em sua própria casa, principalmente nos jogos contra os ditos times "grandes" de São Paulo. Parece-nos que os policiais que prestam serviços no estádio em dias de jogos não são da região.
Esta queixa eu também tenho, a diretoria do clube também não tem um bom tratamento. Temos muita dificuldade de relacionamento com o policiamento, por inúmeras vezes me reuni com o comando da PM e que é daqui da cidade, não é de fora não. Eles fazem várias exigências para facilitar o trabalho deles e nós procuramos cumprir, mas, na hora do jogo a coisa fica difícil. Um dos problemas é referente a abertura dos portões que dependem da autorização da PM e as vezes eles só liberam minutos antes de começar o jogo, criando insatisfação ao torcedor. Falta um tratamento gentil com o torcedor e com a diretoria. Mesmo com as várias reuniões, não consegui reverter este quadro, realmente não sei o que poderemos fazer.

5) Tema: MARKETING

O torcedor do Santo André tem bom poder aquisitivo e seria um ótimo consumidor de produtos ligados ao time, como camisetas, agasalhos, bonés, flâmulas, brindes, mascotes, kit infantil e assim por diante. Temos detectado um grande interesse nesse sentido. Mas o comércio não oferece tais produtos. Por que o clube não explora melhor a marca "Ramalhão" e a identificação desta com o torcedor, para obter uma fonte de renda extra?
Quem explora o material principal, como: camisas, agasalhos, roupas de treino é a marca que possui contrato com o clube, Diadora. Com relação aos outros materiais, nenhum lojista quer comprar para vender depois para o torcedor. A experiência que tivemos em ocasiões anteriores é que este tipo de produto interessa apenas a meia dúzia de pessoas. Quando mandamos fazer um lote de flâmulas, elas ficaram encalhadas. De qualquer forma podemos melhorar a coisa e de repente colocar na lojinha do clube e explorarmos melhor estes produtos. Vou providenciar, mesmo que o clube venha a arcar com um pequeno prejuízo, mas o torcedor terá condição de adquirir este tipo de produto.

Há possibilidade de venda de carnês para os jogos do Santo André?

Não, isso não funciona. Também já fizemos no passado e não tivemos resultado, não era um carnê mas funcionava como tal. Era um cartão chamado CIS que dava direito a assistir aos jogos de determinados campeonatos. Conseguimos vender no máximo uns cinqüenta. Não compensa. Na cultura brasileira não funciona. Pouquíssimo clube faz. Devido a estas experiências não nos animamos a fazê-lo novamente.

O clube tem algum projeto para convencer o torcedor a tornar-se sócio?

O que existe é o contrário, um projeto em levar o associado a comparecer nos jogos do time. Entendo que o torcedor que realmente gosta do time tem por obrigação se associar ao clube, embora nem todos possuem condições financeiras de se associar, mas os que possuem deveriam ser sócios.

A CBF disponibiliza o direito do clube comercializar umas três placas de propaganda no estádio. No último jogo no estádio de São Januário comprovamos que o Vasco explora uma placa chamando o torcedor a se associar. Não podemos usar esta prática?

Boa sugestão, vamos analisar o assunto.

Há possibilidade de o sócio pagar meio ingresso nos jogos?

Não, porque se cobrar meia-entrada do associado, portanto R$ 5,00, teríamos de cobrar R$ 2,50 de estudantes, aposentados e demais. No fechamento não seria compensatório. Precisamos buscar o equilíbrio.

6) Tema: ASSUNTOS DIVERSOS

Como anda o CT? Ainda não saiu do papel ou já há alguma previsão para sua inauguração?
No caso do CT existe um problema burocrático. Como é uma obra em região de reserva ambiental, de mananciais, o projeto de terraplenagem e construção tem que ser aprovado pelos órgãos ambientais. Fizemos o projeto, o SEMASA aprovou e encaminhou para o órgão estadual, e desde então está parado e não há o que o faça andar. Assim que for liberado, faremos de imediato três campos de futebol, que demandam baixos custos e depois o restante do projeto.

Quem financia quem: o clube banca o futebol, ou vice-versa, ou ambos são financeiramente independentes?

Ao longo do tempo o futebol não tinha receita e depois da concretização do poliesportivo, do clube propriamente, este ajudava a bancar o time profissional. Hoje os dois caminham independentes, mas conforme a necessidade pode-se aportar recursos de um para o outro. Por exemplo, quando da venda do passe do Adauto construímos a piscina aquecida. Atualmente as receitas são equilibradas e praticamente independentes. Um fecha o outro.

Qual é a atual situação da empresa Santo André Empreendimentos, e da conversão do Santo André em clube empresa?

A empresa nunca existiu. Trata-se de um assunto novo, logo, preferimos esperar que outros clubes vivessem esta experiência para vermos o resultado, pois se trata de uma situação nova e complexa. Na condição de clube empresa, perde-se alguns benefícios importantes como os fiscais. Hoje o Santo André não precisa pagar imposto de renda por se tratar de uma empresa sem fins lucrativos, os custos fiscais são pequenos. Transformando em clube empresa o objetivo do negócio muda, pois passa a visar lucro e de imediato se paga imposto de renda. Estamos aguardando a situação ficar mais clara, pois muitos clubes se transformaram em empresa e se arrependeram.

Como o Sr. Vê o surgimento de uma nova equipe profissional na região?

Para a região é ótimo surgir novas forças e despertar a rivalidade. Isto leva o torcedor ao estádio. Existe essa rivalidade histórica no futebol, entre Santo André e São Bernardo, desde os tempos do Aliança, e a volta dessa rivalidade será importante para o futebol da região. É só comprovar o público no clássico do ABC no último campeonato Paulista.

Em sua avaliação, o empresariado da cidade tem mostrado entusiasmo e espírito de colaboração com o Santo André, que há tempos vem sendo a única menção positiva sobre a cidade na mídia?

O que eu sinto nos empresários da cidade é o orgulho andreense, a satisfação de ver o time conquistar um título importante como a Copa do Brasil, mas o despertar da cidadania, festejar juntos, ficou no sentimento. A Coop, por exemplo, tem a sua contrapartida. Nenhum empresário faz favor. Empresários de grande porte foram procurados mas não mostraram interesse. Eles recebem a gente bem, com cafezinho, mas investimento nem pensar. O empresariado não demonstra o que o Santo André precisa para continuar uma carreira vencedora. Depois cada um vai seguir a sua vida, cuidar do seu negócio. O empresário é frio, colabora quando a situação lhe ofereça retorno. A idéia que as pessoas possam colaborar com o time só funciona ocasionalmente. No passado as pessoas já colaboraram até financeiramente. É circunstancial, não existe uma colaboração duradoura. Um contrato mais importante é difícil em relação ao retorno que o Santo André dá. Estou disposto a dar espaço para quem quiser e tiver uma boa idéia e vou junto para procurar patrocínio. Parece ser muito fácil, mas não é. Faça um levantamento dos times da série B e veja quem patrocina estes clubes. Não tenho dúvida que os nossos patrocínios nos pagam muito mais que qualquer outro clube.

O Santo André possui Ouvidoria?

Não, só temos ouvidoria nas partidas no Bruno Daniel, como exige o Estatuto do Torcedor.

Quando serão as eleições para a Presidência do Santo André, e como funciona o processo?

A eleição será em dezembro de 2006. Quem elege o presidente, vice-presidente e presidente dos conselhos é o Conselho Deliberativo. O conselho é composto por 100 conselheiros, sendo 75 vitalícios, que são os mais antigos, com ligação histórica com o clube, porque o Santo André nasceu pelo futebol, e esses sócios antigos se dedicaram muito a isso, para manter o futebol do clube. Os outros 25 conselheiros são renováveis e são eleitos pela assembléia geral dos sócios. Para se candidatar a Presidente é preciso ser conselheiro vitalício. É assim e sempre foi, para garantir que não vai aparecer algum aventureiro, algum político e se apoderar do clube. O Presidente sempre será alguém com uma história dentro do clube.

7) CONCLUSÃO

Agradecemos a sua gentileza em nos conceder esta entrevista, e gostaríamos que o Sr. Deixasse seu recado para a torcida ramalhina.
Nós temos uma visão de futuro para o Santo André, apoiada em três coisas: cuidado extremo ao planejar, um grande esforço da equipe de trabalho em resolver os problemas e união total das pessoas e entidades do clube. Somando-se ao terceiro quesito a união da torcida, a nossa chance de sucesso será grande. Solicito as pessoas envolvidas e torcedores estarem juntos com o clube para a construção de um time vencedor, principalmente nas horas ruins, com a torcida chamando o time sem perder o espírito e empurrando sempre o time para a frente.

Ao final da entrevista, entregamos ao Jairo uma camisa comemorativa dos Ramalhonautas e o Manifesto Ramalhonauta, e o convidamos a acompanhar o nosso trabalho.

 






 

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