Era uma vez uma estrela.
Uma entre tantas no firmamento, ocupava desde sempre seu lugar entre suas milhares de companheiras, cumprindo seu destino de brilhar. Mas, há algum tempo, sentia-se incomodada. “Não me satisfaço em simplesmente estar aqui”, pensava ela. “Quero algo mais, desejo representar algo maior, quero um lugar só meu, onde eu seja mais que apenas admirada”.
E a estrela, decidida, abandonou seu lugar no céu e passou a percorrer o Universo, certa de que, em algum lugar, haveria de cumprir seu verdadeiro destino. Percorreu mundos, galáxias e constelações, mas sem conseguir encontrar aquele lugar especial que, ela sentia, seria seu para sempre.
Por anos e anos, muito além de nossa escala do tempo, a estrela buscou o que procurava, sem desanimar. Sabia, em, seu íntimo, que o lugar que tanto buscava existia e estava apenas esperando por ela. Às vezes, sentia sua convicção balançar: “Estarei enganada? Será que esse lugar que tanto desejo realmente existe?” Mas sua esperança era maior que a dúvida, e, espantando a incerteza, prosseguia em sua busca.
Até que, um dia, ao passar por um dos braços afastados da Via Láctea, a estrela teve sua atenção despertada por uma pequena pérola azul, quase imperceptível no meio de tantos astros maiores e mais brilhantes. “O que será aquilo?” pensou a estrela. Curiosa, aproximou-se. A pérola era um planeta minúsculo, mas de alguma forma profundamente belo.
Encantada pelo planeta, a estrela aproximou-se mais, e começou a sentir uma forte emoção. “Estou perto, muito perto de meu objetivo!”, pressentiu. Mergulhou na densa camada de gases que envolvia a pérola azul. Subitamente, sentiu-se atraída para um determinado ponto na superfície do planeta.
“O que é isso?”
Naquele lugar, que ela depois saberia chamar-se Maracanã, havia uma imensa multidão, acomodada em torno de uma área coberta de grama. E nessa área havia um pequeno grupo de pessoas, vestindo roupas nas cores azul e branca, que agiam de um modo estranho: riam, choravam, abraçavam-se, gritavam e pulavam de alegria, enquanto carregavam um enorme objeto de cristal. A estrela percebeu que aquelas não eram pessoas comuns, mas valorosos guerreiros, que haviam acabado de alcançar seu maior triunfo e conquistado um prêmio extraordinário, o tal objeto cristalino.
A estrela sentiu-se contagiada por aquela indefinível sensação de júbilo. E, finalmente, compreendeu:
“É aqui o meu lugar!”
“Ficarei aqui, junto a esses valentes guerreiros, e ao me verem eles sempre se lembrarão deste momento. Serei o símbolo de sua maior glória, e eles e seus seguidores me honrarão para sempre!”
E, nesse dia, 30 de junho de 2004, há exatamente 1 ano, a estrela encontrou seu lugar.
Desde então, repousa feliz e orgulhosa acima do brasão do Esporte Clube Santo André, como símbolo da maior conquista do clube: o título da COPA DO BRASIL.
Mas ela não é egoísta, e não quer esse lugar de honra só para si. Sabe que outras estrelas em breve virão fazer-lhe companhia – e, como nós, não vê a hora de que isso aconteça.
Texto: Carlos Silva |